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sexta-feira, 26 de julho de 2013

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Há 1h11m de há 1 ano atrás, nasceste-me. Cheio de cabelo, senti-te pela primeira vez como gente quando te puseram no meu peito. Apertei-te com medo de te deixar cair e chorei. Chorei muito, descontroladamente. E depois enchi-me de medo. Eras tão pequenino mas parecias-me tão grande, com o teu choro a encher aquele quarto branco, daquele corredor, daquela maternidade. E eu, toldada pelo efeito paradoxal de tanta droga que me foi injectada estava incapaz de reagir, mas logo aí me ensinaste, a partir desse momento percebi que tinha que arranjar forma de te cuidar, porque o amor já lá estava, principalmente quando olhava para os teus pés cujos dedos desenhavam uma escada perfeita.
Há um ano que todas as manhãs, sem excepção, tudo fica em harmonia, nem que seja apenas por momentos. A genética tem destas coisas e quis que não partilhasses o meu gene da má disposição matinal. Tu não, recebes-me sempre com uma alegria como se fosse a primeira vez desde há muito tempo. Primeiro um sorriso que se formava só de gengivas, mas agora como que a confirmares que estás a crescer, com uns dentes tortos, mas de um branco celestial.
Digo-te isto, não porque seja importante que o saibas - também é - mas porque tenho que o pôr cá fora. É tão grande o que me liga a ti que não me cabe no peito, é o olhar-te e ver o meu coração a passear-se contigo, em ti. Porque te amo tanto, porque não sei viver sem ti, porque é em ti que eu reponho as reservas mesmo nos piores dias, naqueles em que acho - injustamente - que a vida é uma merda. E uma coisa te digo com o peito cheio e cheia de certeza: não é. Precisamente desde há um ano atrás que ganhou uma beleza que ainda hoje não consigo descrever. E a ti o devo. Obrigada, meu filho e parabéns!

3 comentários:

Ana disse...

Eu, que estou grávida de 9 semanas, fiquei tão emocionada com este texto! Tão bonito! E parabéns aos dois! :)

CAP CRÉUS disse...

Parabéns! Contem (todos) muitos :-)

Maria Inês disse...

Parabéns a ti, Ana!